quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Estudo Nacional - Os cinco comportamentos intoleráveis no líder contemporâneo

Baseado no estudo "O Mundo Corporativo do Futuro" que deu origem ao livro "A Reinvenção do Profissional", iniciaremos em 2011 uma série de publicações de estudos e pesquisas sobre diversos temas que contribuem para que pessoas e empresas potencializem os seus resultados, fortalecendo assim a nossa missão.

O primeiro estudo aborda um assunto de interesse vital para as pessoas e organizações: as principais deficiências da liderança. Um tema não muito agradável, mas fundamental para uma análise crítica da liderança da sua empresa e também para uma auto-avaliação dos seus comportamentos como líder.

Harmonizando o tema com a nossa especialidade - desenvolvimento comportamental - apresentamos: os cinco comportamentos intoleráveis do líder contemporâneo.


O Estudo:

O estudo foi realizado com 50 profissionais, segmentados em 16 empresários, líderes e executivos atuantes no mundo corporativo; 16 jovens empresários e 18 especialistas de mercado e desenvolvimento humano, envolvendo 15 estados brasileiros. Preocupei-me em reunir opiniões diversas para apresentar ao leitor informações variadas, visões diferentes e por vezes divergentes, o que enriquece o estudo. Portanto, entrevistei líderes de diversos segmentos (empresarial, esportivo, político, associativista), jovens empresários de diferentes segmentos empresariais, empresários e executivos de pequenas, médias e grandes empresas, além de especialistas de distintas áreas que interagem com o mundo corporativo.


Os cinco comportamentos intoleráveis no líder contemporâneo


1. Morosidade

É unânime entre os especialistas a velocidade com que as transformações estão mudando o ritmo e postura do mercado e, consequentemente, a dinâmica das organizações. Dessa forma, como imaginar que um líder poderá gerar resultados satisfatórios sem agir com a velocidade necessária para direcionar a organização rumo as mudanças.

Há alguns meses, concedi uma entrevista para a revista Época Negócios e disse: "A Classe C mudou o perfil do líder" (Confira a entrevista). Não quero tornar isso uma verdade absoluta, mas em diversos segmentos isso aconteceu. As organizações tiveram que se adaptar às mudanças e, com isso, aperfeiçoaram seus processos de gestão, exigindo amadurecimento de seus profissionais. O fato é: O líder muda na velocidade em que o mercado muda (ou pelo menos deveria mudar!).

Arthur Diniz, especialista em coaching executivo, destaca: "Os líderes do futuro precisam ter a capacidade de tomar decisão, flexibilidade para trabalhar em diferentes contextos e para mudar rapidamente e, principalmente, a visão sistêmica, não olhar o que acontece na empresa somente sob um ponto de vista e ter a capacidade de entender as consequências daquilo que é feito em todos os aspectos. É muito raro líderes com visão sistêmica diferenciada e pensamento estratégico, por isso são muito valorizados no mundo corporativo."

Analisando a observação do especialista, algo fica muito claro: A morosidade está totalmente ligada a falta de preparo cultural do líder. E quando eu digo cultura, me refiro a capacidade de buscar novas informações, de não contentar-se apenas com as informações locais e buscar novas fontes de informação. Quanto mais informações eu possuo, maior é a minha capacidade de tomada de decisão.


Como identificar um líder com este comportamento:

- Faz somente o necessário;
- Precisa ser cobrado para entregar resultados;
- Indeciso - Fica em cima do muro e posterga as decisões;
- Falta coragem para agir - Precisa sempre de autorização para seguir em frente;
- Centralizador - Torna o seu time lento, pois não sabe delegar.


2. Dificuldade para construir relacionamentos

Óbvio! Um líder que não constrói relacionamentos saudáveis, não é capaz de liderar. A nova geração de profissionais que tem conquistado um espaço importante nas organizações vai buscar lugares agradáveis e saudáveis para que ela possa ficar e construir as suas carreiras. Portanto, o líder tem um papel fundamental na construção de ambientes saudáveis, onde as pessoas sintam-se bem para que queiram produzir cada vez mais. Ambientes saudáveis são propícios a construção de relacionamentos saudáveis. E quando você tem um ambiente onde as pessoas queiram estar, provavelmente é lá que elas se sentirão motivadas a permanecer e prosperar.

Homero Reis, especialista em coaching ontológico, não deixa dúvidas ao declarar: "As duas únicas competências que fazem a diferença hoje é a capacidade conversacional e capacidade relacional. O que está se buscando nos executivos? A capacidade de conversação e de relacionamento, o resto você agrega. Repare, o que você faz 24 horas por dia? Você conversa! É da qualidade da sua conversa que as coisas acontecem, então, eu diria claramente que a capacidade de conversação é a ferramenta na qual eu aposto como uma das competências exigidas pelas organizações do futuro."


Como identificar um líder com este comportamento:

- Falta de interação com a equipe;
- Abafa o desempenho de um colaborador para sobressair as suas habilidades;
- Não administra o seu ego;
- Tenta minar os processos para exaltar as suas ideias;
- Passa por cima dos outros;


3. Falta de comprometimento com resultados

O líder contemporâneo precisa pensar em resultados, seja na sua atuação no campo, na liderança de sua equipe, enfim, o mundo corporativo sempre terá espaço para quem quiser realizar e fazer acontecer e descartará, naturalmente, a passividade e o conformismo.

Uma opinião importante sobre esse tema é do especialista financeiro, Gustavo Cerbasi, que enfatiza: "O profissional tem que ter cabeça de investidor e enxergar cada momento da sua atuação, seja indo para uma reunião, seja tomando uma decisão, seja montando uma estratégia de marketing como algo que agregue valor para a empresa. Precisa ser uma pessoa que questione a necessidade de uma reunião, a qualidade de uma campanha de marketing, enfim, tem que pensar como se fosse dono da empresa, mesmo que não seja."


Como identificar um líder com este comportamento:

- Conforma-se com o não atingimento das metas;
- Defende demasiadamente a equipe, permitindo a ineficácia nos processos e resultados;
- É incongruente - Cobra, mas não entrega. Fala, mas não age.


4. Pensar pequeno

Se partirmos do princípio de que a equipe é a cara do seu líder, concluímos que se um líder pensar pequeno, a sua equipe não pensará de outra maneira. Um líder com foco em curto prazo, formará uma equipe com essa mesma visão. Portanto, as organizações querem líderes que pensem grande, que sonhem, que ousem, que inovem, que façam as pessoas sonharem. Um líder com desejo de ir além, constrói equipes que lutam por um propósito. Pensar grande é focar no presente, com o olhar para um propósito maior.

Sidney Kalaes, empresário do ramo de franquias, enfatiza: "O mercado está carente de líderes, não só de líderes de fato, que lideram pessoas e equipes, mas também de profissionais de qualquer área da empresa que ajam como líderes, que tenham um comportamento de líder. Vou explicar: um colaborador líder é aquele que se empenha em trabalhar mais qualificadamente. Cada vez mais ele vai buscar inovação no seu trabalho e que não se restringe em fazer só o básico. Esse profissional é o líder nato, é aquele que está sempre querendo progredir, sempre buscando uma novidade, sempre buscando uma melhor alternativa."

E José Luiz Tejon, escritor e palestrante, destaca outro ponto fundamental do líder que pensa para o futuro: "O grande líder é aquele que vai saber sair, é aquele que quanto menos necessário ele for mais líder ele será, porque a grande liderança está cada vez mais invisível, não na figura de uma pessoa em si, pois o papel do líder é encorajar as pessoas e não ser o astro. Os times que foram para a final da copa do mundo, você não sabe nem qual é o nome do técnico, outras equipes com técnicos famosos já ficaram pelo caminho."


Como identificar um líder com este comportamento:

- Tem foco no curto prazo;
- Preocupa-se somente com os tangíveis, deixando de lado qualquer outro fator que não possa ser medido;
- Dificuldade em quebrar paradigmas;
- Não aceita mudanças;
- Não busca a inovação;
- Não prepara novos líderes.


5. Arrogância

Arrogância é o primeiro passo para a queda profissional. É insuportável conviver com pessoas arrogantes em qualquer cenário da vida, principalmente no mundo corporativo. A arrogância destrói a capacidade de aprendizagem do ser humano, pois cria barreiras, muitas vezes instransponíveis, geradas pela crença de que tudo sei. É ai que mora o perigo!

Falamos no início do artigo sobre a velocidade das transformações, portanto algumas competências tornam-se fundamentais para que o profissional possa atender a esta nova demanda do mercado. Entre elas estão cultura - mais do que educação, estamos falando de conhecimento profundo, não perecível - e obsessão por aprender.

Paulo Afonso, empresário, comenta: ?Uma virtude fundamental é a permanente obsessão por aprender. Eu tenho uma expressão que eu sempre uso: "Existem dois pecados que eu procuro não cometer e espero que as pessoas que me cercam também não cometam. O primeiro pecado é o da vaidade e o outro é o pecado da acomodação. As pessoas que acharem que não precisam se aprimorar mais estão cometendo um pecado e não terão mais espaço."

Fecho esse último comportamento com uma frase destacada pelo empresário e especialista em gestão de atendimento, Edmour Saiani: "O servir deve entrar no trabalho da pessoa, o que eu faço e para quem. Nelson Rodrigues dizia que humildade é algo tão importante que se não for por caráter é por malandragem."


Como identificar um líder com este comportamento:

- Acha que sabe tudo;
- É autoritário;
- Quer sempre ter razão a qualquer custo.


Alexandre Prates
Responsável pelo estudo e autor do livro "A Reinvenção do Profissional - Tendências Comportamentais do Profissional do Futuro"

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