Nossos modelos mentais, formados pelas crenças e valores, determinam
a forma que enxergamos a vida, e podem facilitar ou dificultar o
desenvolvimento de capacidades e comportamentos em cada um dos papéis
que exercemos no dia a dia.
Por Marco Fabossi
Consciente ou inconscientemente, assumimos papéis diferentes em nosso
cotidiano. Em alguns momentos somos pais, em outros filhos, depois
profissionais, amigos, líderes, chefes, estudantes, motoristas,
cônjuges, parceiros e assim por diante. Cada papel é sustentado por um
conjunto de crenças e valores. Coisas em que acreditamos, como por
exemplo: no papel de líder posso tanto acreditar que ninguém consegue
fazer as coisas tão bem quanto eu quanto crer que meus liderados são
pessoas capazes, que podem executar determinadas tarefas tão bem, ou
melhor, do que eu.
Ambos são crenças e valores que me levam a distintos comportamentos e
capacidades. Neste exemplo, a primeira crença leva o líder a
desenvolver a capacidade de ser centralizador, alguém que não delega
porque não confia que as pessoas possam fazer as coisas tão bem quanto
ele. Já a segunda crença conduz o líder na direção oposta, ajudando-o a
adquirir a capacidade de delegar, por acreditar no potencial das pessoas
que estão ao seu redor.
Nossos modelos mentais, formados pelas crenças e valores, determinam a
forma que enxergamos a vida, e podem facilitar ou dificultar o
desenvolvimento de capacidades e comportamentos em cada um dos papéis
que exercemos no dia a dia.
É por isso que mudanças efetivas e duradouras começam pela
transformação do nosso Modelo Mental, do nosso jeito de acreditar nas
coisas. Porém, é interessante notar que, normalmente, iniciamos mudanças
apenas tentando ajustar determinados comportamentos, e percebemos que
as coisas mudam por um tempo, mas logo voltam ao estado inicial. Isso
ocorre devido ao desalinhamento entre crenças (aquilo que acreditamos) e
comportamento (aquilo que fazemos).
Para que as mudanças realmente aconteçam é preciso, em primeiro
lugar, questionar crenças e valores, porque é quando mudamos a maneira
de enxergar determinadas situações e adquirimos nova consciência, é
nesse patamar que desenvolvemos capacidades e comportamentos alinhados e
coerentes com este novo ponto de vista, fazendo com que as mudanças
verdadeiramente aconteçam. Peter Senge reforça este conceito no livro A
Quinta Disciplina, quando comenta: "Embora não se comportem de forma
coerente com aquilo que dizem, as pessoas comportam-se de forma coerente
com aquilo que acreditam".
Refletindo sobre tudo isso, podemos concluir que os Modelos Mentais
de cada indivíduo não são necessariamente uma verdade, a não ser para si
mesmo, porque foram criados com base em suas próprias experiências. Uma
criança que assiste assiduamente o desenho do Pica-Pau, por exemplo,
pode crescer acreditando que para ganhar é preciso que os outros percam.
Você deve estar se perguntando: "mas como então mudar as crenças e
valores?" A resposta é: questionando-os. Usando uma das armas mais
poderosas que temos: as perguntas. Se alguém chega atrasado
constantemente, em vez de apenas dizer: "eu não quero que você chegue
atrasado!", experimente chamar esta pessoa para conversar e faça-lhe
algumas perguntas como: "você tem planos de crescimento aqui na empresa?
(Se ela responder "não", nem continue); "como você entende que seus
atrasos constantes podem contribuir para seu crescimento?"; "se
tivéssemos uma posição em aberto neste momento com suas características,
pensa que este seu comportamento o aproximaria ou o afastaria dela?";
"Se continuar com este comportamento, o que pensa que pode acontecer?".
Se conseguir levar a pessoa a refletir sobre determinada situação a
ponto de ela rever suas crenças e valores, e então decidir mudar o seu
modelo mental por si mesma, as chances de que um novo comportamento se
estabeleça é muito maior, porque ninguém muda ninguém, mas ninguém muda
sozinho.
Marco Fabossi - é sócio da Crescimentum,
graduado pela FEI, com especialização e MBA pela Fundação Getúlio
Vargas, Marco Fabossi é Coach Executivo e Coach de Equipe, certificado
pelo ICI (Integrated Coaching Institute), filiado ao ICF (International
Coaching Federation). Certificado em Life Coaching pelo Instituto Holos.
Autor do Livro "Coração de Líder: A Essência do Líder-Coach".
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